quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Pergaminho dos ossos velhos e os lambedores de diamantes






A mesma correnteza
que arrastou meus ancestrais nos navios negreiros
trouxe-me o pergaminho dos ossos velhos
num baú que devolvi ao mar
afundando nele os meus mais tenebrosos medos

Tenho lido o manuscrito
e aprendido a não jogar diamantes aos porcos,
mas quando necessário mergulho na lama deles
São esses pequenos e mundanos prazeres
que me fazem sentir forte,
por mais de um milhão de vezes

Vejo o homem e sua ambição insaciável
que busca pela fantasia social
na qual melhor fica adequado
Até que ponto eu e você,
não passamos de meros escravos?!

Soltem os pássaros das gaiolas
e parem de alimentar sua crueldade caprichosa
As mais torpes frustrações estão refletidas
na maneira como confinam os seus bichos
Você pede para que não sugira isso
e eu pergunto: quais são seus animais de estimação?!

Quando pareço dançar conforme a música,
eu costumo bater acidentalmente na vitrola,
só pra arranhar o velho disco e mudar de faixa
no momento em que ninguém prestar atenção

Finjo achar graça nas piadas dos políticos
que falam seriamente no picadeiro,
na pretensão de usar meu isqueiro
ajudando os indignados a tentar pôr fogo no circo

Farto de brincar na lama,
eu parto sem deixar os porcos sujarem meus diamantes
Permito apenas que eles lambam todos eles.

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