domingo, 8 de março de 2009

O Trigésimo Salto




Encontro os doze cravos
guardados no fundo do alforje
e se cheguei até aqui inteiro
é porque tenho a louca sorte
dos filhos de dezembro
Meus verdes anos
entre a Rua Amazonas
e a Usina Santa Terezinha
demoraram pra amadurecer
Menino melancólico
no topo da árvore
abraçando cedo a solidão
Menino traquinas
derrubando borrachas
para ver as saias das meninas
Comportamentos antagônicos
como faces de uma moeda
Beijando sentimentos platônicos
Cresci na rota dos aventureiros
Engolindo os raios do sol
e correndo no escuro da noite
Deus me deu o misterioso dom
de beber veneno e cuspir água benta
Por isso olho sem nenhum medo
no fundo dos olhos do capeta,
cortejando o pecado e a inocência
Deslizo sob doses incandescentes
imaginando curvas nas nuvens
que desenho além do horizonte,
sem qualquer traço de prudência
Degolando a dureza da saudade
perto de mim e longe de tudo
Criando versos cínicos e absurdos
Abrigando sonhos dentro do peito
Para dar meu trigésimo salto
Acordado no mar do meu leito.

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