sábado, 28 de março de 2009

Mate-me, por favor


monólogo do último ato
(Aproxima-se do espelho. Acendem-se as luzes opacas)

Eu sou o seu lado negro
A transgressão
Sua ausência de medo
A obsessão e hipocrisia

Eu sou sua embriaguez
O impulso
Nublando sua lucidez
E sua submissão desmedida

Eu sou o ateu e demagogo
Sem compaixão
Sufocando o beato fervoroso
O terror das famílias

Eu sou sua maldição
A violência
O sangue em suas mãos
E o dedo frio no gatilho

Eu sou o seu desamor
A auto-sabotagem
O causador da dor
Atentando contra sua vida

Eu sou sua versão bestial
O vazio no seu coração
Seu vínculo ao mal
Mate-me, por favor.

(Disparo. Espelho quebrado. As luzes são apagadas)

Baixa o pano sobre o fim do último ato

Um comentário:

  1. cara, realmente negro, trágico...
    este é um lado q todos temos, porém uns o despertam e outros não, uns se tornam ele, e outros nunca se tornarão, mas q todos o possuímos isto é fato.
    ja escrevi algo do tipo, se quiser depois te mando...
    abração

    ResponderExcluir