sexta-feira, 31 de julho de 2009

João-ninguém



nascido sob signo pusilânime
no ano da mais terrível
de todas as grandes secas

batizado com qualquer nome
sem ter tido amor de leite
ou mãe pelas tetas
somente a tirania do pai
que era um bêbado infame

criado com água e farinha
mendigando restos de pão
no calor do cotidiano brutal
de uma vida dura e espinhenta

banido da própria terra
e pela crueza da necessidade
abrasileirado sem compaixão
embolando na cidade grande.

4 comentários:

  1. oiii.. vim ver o texto novo...!!!
    me senti pequena perdida na cidade grande....


    bjs

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  2. que poder com as palavras vc tem!!!
    fico de careta sabia?!?!?!

    adoro vir aqui... estou sempre te acompanhando...
    as vezes leio e leio e leio...
    bjsssss flamejantes!
    =)

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  3. Sabe que esse poema me remeteu às fotos de Sebastião Salgado (Terra)e à música do Chico (Levantados do Chão). Já ouviu?
    E referência ao mestre, João Cabral de Melo Neto. Abraços!

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  4. Tenso e verdadeiro retrato da realidade, distante para uns e tão próxima para muitos outros, sua poesia é de extrema lucidez, tem forma, e principalmente sentido.
    Toca quem lê, gostei muito, e não adianta só gostar e refletir, algo tem q ser feito, agir..

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